Líder cooperativista entrega faixa para presidente Lula

 

A relevância do cooperativismo e dos serviços de coleta de materiais recicláveis foram evidenciadas durante a cerimônia de posse do Presidente da República, no último dia 1º. Em ato inédito, oito pessoas representando diferentes esferas sociais foram escolhidas para passar a faixa para Luiz Inácio Lula da Silva, entre elas, a presidente da Central de Cooperativas de Materiais Recicláveis do DF e Entorno (Centcoop-DF), Aline Sousa. “Segurei o choro. Escolher uma catadora para participar de um ato que ficaria conhecido mundialmente é uma sensação de muita emoção”.

Aline, que também representa o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), destacou a importância do movimento coop em sua vida e entregou ao presidente a publicação produzida pelo Sistema OCB, Propostas para um Brasil Mais Cooperativo, que apresenta dados da contribuição do coop na economia e bem-estar das pessoas e comunidades. Lula, recebeu o documento e, antes, em seu discurso, ressaltou que trabalhará para o fortalecimento do cooperativismo no país.

“O cooperativismo transforma vidas. É um modelo de negócios necessário para os caminhos que a humanidade tem seguido na atualidade. É a forma mais viável de resolver problemas não apenas econômicos, mas sociais também. Garante mais segurança e dignidade a todos os envolvidos”, diz a agente ambiental.

Como líder da central que reúne mais de mil cooperados, entre suas missões está a de buscar e conhecer novas tecnologias e possibilidades que contribuam para melhorar as condições de trabalho e renda de todas as pessoas envolvidas no processo da reciclagem.

O presidente do Sistema OCB, Marcio Lopes de Freitas, declarou que foi um orgulho sem tamanho ter uma representante do coop na passagem da faixa ao presidente. “Como sempre afirmamos, o cooperativismo não gera apenas trabalho e renda. Ele transforma vidas e a Aline é um exemplo concreto dessa realidade”.

Aline atua desde os 14 anos na coleta e reciclagem de materiais seguindo os passos de sua mãe e avó. Além da cooperativa e do movimento, ela integra ainda a Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores. Sua liderança no setor tem oferecido diversas oportunidades de viagens internacionais para troca de experiências e conquistas. A última foi uma missão técnica à Itália, coordenada pela OCDF e apoio do Sistema OCB.

Junto com outros representantes de cooperativas de reciclagem, a agente foi conhecer as metodologias de implantação do sistema lixo zero adotado pelo país. “Foi uma oportunidade muito importante para conseguirmos nos apropriar mais do conhecimento desse sistema moderno que pode trazer uma inovação significativa para o Brasil. Por isso, só posso agradecer a OCDF, a OCB e a deputada Bia Kicis que viabilizou essa viagem”, relatou.

Aline também lembrou que a Política Nacional de Resíduos (Lei 12.305) é referência no mundo inteiro e que, por isso, muitos países procuram conhecer melhor as estratégias adotadas pelo Brasil na reciclagem de materiais. Em 2018, por exemplo, fui indicada para ir a Joanesburgo, na África do Sul, para conhecer e vivenciar a rotina dos catadores e ver como era a inclusão sócio produtiva de lá. Uma troca muito bacana. Recentemente, visitei a Argentina para conhecer a estrutura de um modelo diferenciado que podemos implementar aqui também”.

Remy Gorga Neto, presidente da OCDF e diretor nacional da OCB ressaltou o papel de Aline como presidente de uma central que reúne 21 cooperativas e a importância de sua participação em missões internacionais. “Aline é uma liderança fantástica. Ela tem muito conhecimento sobre o processo, a cadeia da reciclagem e é muito respeitada. Está totalmente alinhada com os princípios da OCDF e faz, inclusive, parte da Câmara Temática da Reciclagem na OCB”.

Segundo ele, a missão para a Itália faz parte de um projeto do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) que foi viabilizado por meio de recursos alocados pela deputada Bia Kicis. “É um estudo de toda a cadeia da reciclagem no DF para verificar o que pode ser feito em termos de verticalização para agregar valor ao processo. São várias etapas envolvidas e uma delas foi a missão à Itália, na qual participamos da feira Ecomundo e visitamos a Aliança Cooperativa Italiana com o apoio do Sistema OCB”, esclareceu.

Fotos: Carl de Souza/AFP


Coops de reciclagem

Os catadores, também reconhecidos como agentes de reciclagem, separam, transportam, acondicionam e transformam o que poderia ser visto como lixo em mercadorias com valor de uso e de troca. A Centcooop, por exemplo, conta com 21 coops afiliadas e congrega 1008 cooperados, que transformam os resíduos sólidos em materiais vendidos para grandes fábricas.

O papel de agente ambiental também cabe a estes cooperados, pois com a destinação correta destes resíduos eles não chegam aos aterros sanitários comprometendo o meio ambiente.  Para além do papel ambiental, os serviços de reciclagem cooperativista geram emprego e renda para cooperados e trabalhadores do segmento.

Para saber mais sobre uma cooperativa de reciclagem e o modelo de negócios do movimento, assista ao primeiro episódio da série SomosCoop na Estrada: