As contribuições do cooperativismo na promoção dos diversos setores de atividade econômica do Brasil foram tema de audiência pública promovida pela Comissão de Indústria, Comércio e Serviços (CDEICS), da Câmara dos Deputados, na terça-feira (1º). A gerente-geral do Sistema OCB, Fabíola Nader Motta, dividiu a mesa de expositores com representantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), das Relações Exteriores (MRE), do Trabalho e Emprego (MTE) e da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). O encontro foi solicitado pelo coordenador do Ramo Infraestrutura da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), deputado Heitor Schuch (PSD-RS).
Segundo o parlamentar, o cooperativismo vem ganhando cada vez mais protagonismo na sociedade brasileira e impactando positivamente no desenvolvimento da indústria, do comércio e do setor de serviços. “Como o cooperativismo não beneficia só os associados, mas toda o meio onde as cooperativas estão inseridas, essa audiência é para entendermos o crescimento constante e acelerado que, por sua proporção, precisamos nos aprofundar mais para atender de forma satisfatória as demandas do movimento e o papel do Legislativo na resolução de suas pautas”, justificou.
O parlamentar citou números do cooperativismo mundial – 1 bilhão de cooperados e 280 milhões de postos de trabalho gerados, além de destacar que nove das 300 maiores cooperativas do mundo são brasileiras. “Temos 2,5 mil cooperativas com mais de 20 de anos de atuação, então esse debate é importantíssimo para discutirmos o cooperativismo e as transformações que ele apresenta para a sociedade”, afirmou.
A gerente-geral do Sistema OCB agradeceu a parceria do parlamentar em defesa do movimento em temas importantes que tramitam no Legislativo. Em um apanhado geral, ela apresentou como é feita a representação institucional das três casas que compõem o Sistema OCB (CnCoop, OCB e Sescoop), e os números do movimento no Brasil. Fabíola também anunciou que na próxima semana os dados serão atualizados com a divulgação do Anuário do Cooperativismo 2023, o censo do setor, que congrega números de todos os seus sete ramos de atividade.
“Antecipo que já somos mais de 20 milhões de cooperados. É realmente um setor que cresce cada vez mais porque faz sentido para a sociedade. O consumidor contemporâneo, as novas gerações, não pensam mais só na qualidade e no preço. Ele observa o que tem por trás do produto ou do serviço e o propósito da empresa, os valores e o compromisso que ela tem com a sociedade. Por outro lado, vemos também uma sociedade mais ativa, que fala sobre as experiências por meio de redes, ou seja, se não estiver de acordo, a insatisfação também é compartilhada. E o cooperativismo agrega tudo o que o consumidor atual quer: valor compartilhado, economia colaborativa e de propósito, consumo responsável, comércio justo, a compra de pequenos empreendedores. É o ciclo virtuoso do cooperativismo”, descreveu.
A gerente lembrou que o cooperativismo é capaz de unir resultado, produtividade e competitividade sem se esquecer da responsabilidade socioambiental, justiça social e prosperidade de todos os envolvidos. “Essa é a beleza do cooperativismo. Aas pessoas com objetivos comuns criam uma rede que gera renda e trabalho para os envolvidos e, por consequência, transborda prosperidade para a sociedade. Os bilhões gerados pelas cooperativas são divididos pelos associados, porque diferente de outros modelos societários, os ganhos são distribuídos entre eles. Todos são donos no patrimônio”. Ao concluir, a gerente geral da OCB apresentou a todos a meta do cooperativismo brasileiro para 2027, o BRC 1 Tri de Prosperidade, que pretende atingir uma movimentação financeira de R$ 1 trilhão, congregar 30 milhões de cooperados e gerar 1 milhão de empregos.
Inovações no Agro
O professor da Unisinos José Antônio Valle Antunes Junior (Junico Antunes) frisou que a inovação e a digitalização precisam estar cada vez mais presentes no cooperativismo e demonstrou o case da SmartCoop. A plataforma foi criada por meio de movimento de intercooperação de 30 cooperativas do agro e traz de forma inovadora informações e soluções aos produtores.
A secretária de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo do Mapa, Renata Miranda, declarou que, na visão do ministério, o modelo do cooperativismo deve ser uma estratégia socioeconômica para o crescimento do país e que a união de esforços leva a uma eficiência produtiva e à melhoria da competitividade.
“Esse modelo de negócios é realmente estruturante para a sociedade. Então, entre as demandas do modelo, destaco a questão de acesso a mercados. É obrigação do Executivo tirar os obstáculos. O Brasil é uma marca e estamos perdendo oportunidades no mercado internacional. Reforço que o Ministério da Agricultura está à disposição para estabelecermos melhor nossa estratégia internacional e demonstrar que temos todas as características do consumidor contemporâneo, como a gerente Fabíola citou. Particularmente, também estou comprometida em ser uma dessa agentes para ajudar o cooperativismo”, pontuou Miranda.
Acesso a mercados
A chefe da Divisão de Promoção de Indústria e Serviços do MRE, Sophia Magalhães de Oliveira Kadri, destacou as ações conjuntas do Itamaraty e do Sistema OCB. Recentemente, a pasta sediou o workshop internacional Cooperativas pelo Desenvolvimento Sustentável com a participação de dirigentes cooperativistas de 20 países . Ela citou ainda as missões internacionais, os projetos em execução em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação (ABC) para promover o coop na Argélia, Botsuana e Senegal, bem como a fase final de negociação do projeto com o governo do Timor-Leste.
“O Itamaraty reconhece o papel do cooperativismo para o desenvolvimento econômico e social do país e está particularmente atento a contribuição positiva do movimento para o alcance das metas da Agenda 2030. É um tema absolutamente central para a nossa política externa e esse ciclo virtuoso do cooperativismo contribui com a redução da pobreza, combate à fome, trabalho decente e crescimento econômico e redução das desigualdades, mas também outros mais gerais como a equidade de gênero”, considerou.
O secretário Nacional de Economia Popular e Solidária do MTE, Gilberto Carvalho, fez um apanhado histórico sobre o cooperativismo e ressaltou a importância de uma economia mais colaborativa para o crescimento socioeconômico. Ele apresentou cases de moedas locais que abrem caminhos para o crescimento econômico das pessoas e, ao mesmo tempo, promovem o desenvolvimento local, finalizou.
Fonte: SomosCooperativismo